segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Até o Último Suspiro

 


Costumava ouvir a sua doce voz, mas agora não posso ouvir nada... E na solidão que tenho criado pra mim mesmo, eu choro uma única lágrima pela beleza deixada despercebida. 

Eu costumava ver a sua presença como rosas perfumadas ao vento. Era como um aroma doce que embriagava a minha alma, mas a fruta mais doce não tem sabor algum agora. E no vazio que senti profundamente dentro de mim, procurei pelas lembranças de como era a vida real. Quando a esperança se esvai e o amor falece, só resta o vazio aqui dentro.

Eu costumava ver em cores, mas agora apenas vejo preto e branco... Todas as cores escorrem da sua visão e não se enxerga como antes. Estendi minhas mãos pra você... Você pode sentir? Você não viu que eu estava lá? Não sei como prendeu o seu coração, como fez dele prisioneiro sem fiança, rendido ao nada.

Não pense tanto sobre o futuro... Não pense tanto sobre o passado... Apenas agarre o momento ao seu lado e faça-o durar. Eu lutei muito para preencher o que me faltava...  

E tudo que eu pensei ter deixado para trás está agarrado as minhas costas, fiz de mim uma fortaleza quase inquebrável, estive em busca de todos os meus sonhos. E tudo é baseado na minha dúvida, é mais frágil do que parece. Posso até lutar para esquecer que sempre me senti sozinho, mas a consequência de ficar sozinho e um completo labirinto sem fim, um looping permanente. Eu lutei muito para preencher o que me faltava... Mas ainda ouço os passos de minhas falhas e dores em meus calcanhares...

Estive quebrado, nada parecia me tornar completo novamente, mas tenho lutado batalhas que parecem não puder ser vencidas me afogando em um mar de desilusões que consome a mim mesmo.  Procurando por respostas que nunca foram fáceis de encontrar, passei metade da minha vida tentando matar minhas mágoas e desilusões e tenho medo de que o processo pode me manter preso a eles.

Eu olhei a escuridão do meu abismo pessoal, mas sinto isso me olhando de volta, e vê através de mim e como olhar o reflexo quebrado no espelho. Esses anos me deixaram mais calejados, me deram direções diferentes de como levar as consequências de alguma forma suave, vou sobreviver de alguma forma, e é por isso que provavelmente me fortalecerei e encontrarei novos caminhos, novas razões para caminhar. Não fazer da solidão a sua única companhia é um caminho a se encontrar.     

Como posso ter certeza se as incertezas nublam as minhas convicções? Como posso desacreditar as marés negativas que me puxam para baixo? 

Ainda consigo lembrar da sua voz chamando meu nome... Ainda consigo lembrar do meu rosto se examinando, constatando que as coisas nunca mais seriam iguais. Talvez a ignorância que uma mente sem memórias traria me faça esquecer de lembranças que outrora eram como diamantes a serem lapidados. Mas eu estou assustado pois meu último suspiro poder ser o seu nome e com isso levar de mim um último fio de esperança. 

Eu não sei quantas noites deitado na cama pensei em você, não lembro de quantas vezes suspirei ao lembrar de dias tão distantes em que os caminhas deixaram de ser certos para virar um mar de espinhos. Eu não pude dizer adeus, não pude olhar você partindo para nunca mais voltar. Não posso mudar o que não está em minhas mãos, apenas aceitar que tudo que um dia tive, se foi como como o tempo que não espera. Decifrei errado entre as entrelinhas de todas as circunstâncias, que as pavimentações de seu coração eram como um labirinto escuro sem direção. Não percebi que tentar te alcançar era como subir uma montanha tão íngreme e inalcançável. Não dar para dizer que você deixa ir embora o que você nunca teve. E duro dizer palavras que podem te cortar como cacos de vidros, mas a verdade pode ser libertador em um ponto de vista diferente. 

Fico assustado com as ações de outros... Fico assustado com as ações de mim mesmo... Fico assustado com o tempo em que segurei a tempestade e sem ninguém a recorrer... Talvez nada pode me tornar completo novamente... 

Então novamente olhei para a escuridão do meu abismo pessoal, mas sinto isso olhando de volta, vejo através de mim. Esses anos me deixaram de alguma forma calejados pelos tombos que levei, mas vou sobrevivendo conforme a tempestade vai acalmando.

Estive sozinho por um longo período na minha vida, perdido e com medo de não encontrar meu caminho. Eu vi meus passos vacilarem vezes demais para perceber que caminhos espinhosos são suficientes para abrir longas feridas. 

Observei de longe todos os segredos trancados para ninguém saber, fiz de tudo um bau intransponível de desilusões. E sua beleza desapareceu embora o dia em que nos conhecemos tenha sido há muito tempo. Os anos foram gentis ou você deixou todas as suas crenças caírem no esquecimento? E você manteve sua fé e orgulho ou você jogou tudo fora?

Eu assisti o inverno derreter ao meu redor, mas o frio se agarra ao ar quando o vento sopra e a primavera não traz consolo à medida que as horas passam sob a ressaca. E você escondeu seu rosto e chora quando todos os seus sonhos foram enterrados no deslizamento de terra ou você mantém sua cabeça erguida como quando suas esperanças foram despedaçadas por dentro...

E quando o medo e a dúvida estão te arrastando para baixo... 

Para onde você corre quando a luz morre? E seus sonhos foram destruídos, para onde você vai quando a chuva cai? Ao amanhecer, eu vou te dar abrigo do dilúvio com a esperança que encontrei. Eu vou te levantar e te manter seguro.

Então deixe suas lágrimas rolarem, e quando a tristeza procura afogar você, e sua dor ameaça arrastá-lo para baixo, eu te pego se você deslizar... E levá-lo a um lugar onde podemos ambos nos esconder, onde pelo menos diremos que tentamos... E nós sofremos com os terrores no lado de fora. E quando o medo e a dúvida estão te arrastando para baixo.


*História Fictícia


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